Campanha vai às escolas para imunizar garotas de 11 a 13 anos; Especialista questiona estratégia de vacinação.
Vacinação vai imunizar meninas entre 11 e 13 anos,
informa Ministério da Saúde (Foto: Reprodução)
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A partir do dia 10 de março, adolescentes de 11 a 13 anos de idade de todo o país receberão a vacina contra o HPV, informou o Ministério da Saúde. O objetivo é proteger contra o câncer do colo do útero e verrugas genitais. Meninas de 11 anos a 13 anos devem ser imunizadas em três momentos distintos, sendo a segunda dose aplicada seis meses após a primeira. A terceira deve ocorrer cinco anos depois. Em 2015, a vacina passa a ser oferecida também para meninas de 9 a 11 anos.
A vacinação de adolescentes independe de autorização ou acompanhamento dos pais ou responsáveis. No entanto, caso o pai ou responsável não autorize a vacinação do adolescente na escola, deverá encaminhar o ‘Termo de Recusa’ preenchido e assinado. Segundo o Instituto do HPV, o Papilomavírus humano é responsável pela doença sexualmente transmitida mais comum no mundo, infectando epitélios, tanto pele quanto mucosas, da vulva, vagina e colo do útero, ânus, pênis, boca, orofaringe e pele, causando tumores benignos e malignos.
Há mais de 100 tipos de HPV, 40 dos quais são considerados de alto risco oncogênico. Calcula-se que entre 10% e 50% das pessoas sexualmente ativas estejam infectadas com pelo menos um tipo de HPV. O câncer do colo do útero é uma doença grave e pode ser uma ameaça à vida. No Brasil, é a segunda principal causa de morte por câncer entre mulheres. Os tipos HPV 16 e 18 são responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero em todo o mundo e ambos estão incluídos na vacina quadrivalente contra HPV. A vacina imuniza também contra dois tipos de HPV de baixo risco, o tipo 6 e o tipo 11, responsáveis por 90% das lesões anogenitais.
No entanto, a vacina não protege contra outras doenças sexualmente transmissíveis, de modo que as pessoas vacinadas devem usar preservativos nas relações sexuais.
Dividindo opiniões
Segundo o diretor da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC), Daniel Knupp, a estratégia de vacinação deve ser vista com ressalva e muita cautela.
Em entrevista à Agência Brasil, ele explicou que a inclusão da dose no calendário nacional preocupa em razão do debate científico sobre a eficácia e a segurança da vacina. Segundo Knupp, diversas pesquisas demonstram, por exemplo, que a imunização pode provocar, entre outros efeitos colaterais, o aumento de doenças autoimunes como o diabetes tipo 1.
Outro problema, de acordo com o especialista, trata da realização do chamado rastreamento tradicional de câncer de colo de útero ou papanicolau. Dados da SBMFC indicam que a cobertura do exame no Brasil está bem abaixo do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Menos de 50% das brasileiras com idade entre 25 e 69 anos faz o papanicolau pelo menos uma vez a cada três anos, quando a taxa ideal seria pelo menos 80%. “A vacinação não substitui o rastreamento tradicional. Ela não elimina as lesões [que provocam o câncer], apenas diminui a incidência delas. Se a população for vacinada e deixar de fazer os exames preventivos, ela pode ter piores consequências do que se não tivesse se submetido à vacina”, explicou Knupp.
Por fim, Daniel abordou também o esquema de vacinação proposto pelo Ministério da Saúde, que consiste em três doses. Segundo ele, o esquema tradicional adotado na maior parte dos países inclui a segunda dose dois meses após a primeira e a terceira, seis meses depois.
O secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, explicou que o esquema de vacinação adotado pela pasta é recente, mas já é utilizado em países como Canadá e Suíça. Segundo ele, ficou comprovado que, com apenas duas doses, a menina já está protegida. A ideia de aplicar a terceira doses cinco anos depois consiste em prolongar o efeito protetivo da imunização. “Vários estudos científicos demonstram que o uso da vacina reduz a prevalência do HPV mesmo entre os não vacinados. É o efeito rebanho ou de imunidade coletiva. Quando você vacina essas meninas, elas deixam de transmitir o vírus e você vai quebrando a cadeia de transmissão”, disse, ao destacar que, nos Estados Unidos, foi registrada uma queda da infecção por HPV entre meninos após a imunização de meninas.
Para Jarbas, a eficácia da vacina é indiscutível. Segundo ele, a Organização Mundial da Saúde (OMS) se reuniu em junho do ano passado e revisou dados relativos à imunização contra o HPV. O relatório emitido pelo órgão garantia a segurança da imunização. “Essa vacina vai ser uma ferramenta muito importante e a combinação [vacina e papanicolau] pode fazer a gente pensar, em uma ou duas décadas, no câncer de colo de útero cada vez mais raro. Mas, para chegar lá, vamos ter que vacinar muito e aumentar a adesão das mulheres ao papanicolau. Estamos diante de um cenário otimista como em poucas vezes a gente tem em relação ao câncer”, completou. (Com informações da Agencia Brasil)
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