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quarta-feira, 12 de março de 2014

Polícia apresenta suspeitos de matar funcionária pública em Poços

Polícia Civil apresentou cinco envolvidos no homicídio de Andrea Araújo. 


Ex-companheiro foi apontado como mandante do crime em Poços, MG.


João Batista dos Reis é apontado pela polícia como mandante do crime (Foto: Jéssica Balbino/ G1)
João Batista dos Reis é apontado pela polícia
como mandante do crime (Foto: Jéssica Balbino/ G1)
Os cinco envolvidos no desaparecimento e assassinato da servidora pública Andrea Araújo dos Santos, de 34 anos, foram apresentados pela Polícia Civil de Poços de Caldas (MG) nesta terça-feira (11).  O principal suspeito é o ex-companheiro dela, o empresário João Batista dos Reis, de 54 anos, conhecido como João do Papelão teria pago R$ 50 mil a matadores para que a vítima fosse executada.
De acordo com o delegado João Prata, o que pode O empresário João Batista, que tem uma fortuna avaliada em R$ 70 milhões, pode ter mandado matar Andrea. Segundo os delegados, ele não aceitava os valores da partilha de bens e pensão alimentícia pedidos pela funcionária pública. Ambos viveram juntos por 12 anos e ela pedia um acordo de R$ 5 milhões e uma pensão de R$ 10 mil por mês. Ele ofereceu a ela um acordo de R$ 500 mil e uma pensão de R$ 5 mil mensais, mas não foi aceito.
O suspeito de ser o mandante negou participação no crime. “Não mandei matá-la”, disse. Mas de acordo com o delegado Hernanni Perez Vaz, o ex-companheiro da vítima teria pago pessoas para executá-la. “A cabeça da Andrea foi colocada a prêmio por R$ 50 mil”, destacou. Segundo as informações levantadas pelos policiais, o dinheiro seria dividido em duas partes de R$ 25 mil que iriam para dois suspeitos que vieram da cidade de Cândido Sales (BA) apenas para matar Andrea.


As prisões
Segundo as investigações, para matar Andrea, João teria contado com a ajuda do casal Ednilson Martins de Souza, conhecido como Paulista, de 37 anos e Liliane Gonçalves da Silva, de 29 anos. A mulher teria trabalhado como faxineira na casa do empresário. A função deles teria sido contratar os matadores, Luciano Monteiro Santos, conhecido como Galego, de 30 anos, já foragido da Justiça por roubo e Márcio da Silva Santos, conhecido como Negão, com passagens pela polícia por explosão de caixas eletrônicos e tráfico de drogas.
Cinco pessoas são suspeitas e serão indiciadas pelo homicídio (Foto: Jéssica Balbino/ G1)
Cinco pessoas são suspeitas e serão indiciadas
pelo homicídio (Foto: Jéssica Balbino/ G1)
As prisões aconteceram de forma simultânea. Uma equipe do Deoesp viajou para a Bahia, onde prendeu o primeiro suspeito, Luciano Monteiro Santos, de 39 anos, conhecido como Galego. Ele confessou o crime e revelou detalhes, além de entregar o comparsa, Márcio da Silva Santos, conhecido como Negão, de 29 anos, que foi preso oito dias depois na zona rural do município. Ao ser detido, Santos também confessou o crime. Ambos disseram que foram contatados por Paulista - que já estava preso desde dezembro de 2013 por tráfico de drogas – para assassinar a vítima. A companheira de Paulista também foi presa, acusada de ter entrado em contato com os executores do crime.
“Durante os depoimentos eles disseram como armaram todo o esquema. Os dois homens vieram a Poços de Caldas e junto com o João, conheceram toda a rotina da Andrea, o local de trabalho, onde ela morava e o trajeto que fazia diariamente. Dias depois, eles retornaram já para fazer o ‘serviço’. Eles seguiram a vítima do trabalho até próximo da casa dela, onde a renderam, colocaram no carro, levaram para a zona rural entre Poços de Caldas e o distrito de Palmeiral, em Botelhos (MG) e lá um deles desceu do carro com ela, a levou para dentro de um cafezal, mandou que ela ajoelhasse de costas para ele e fez um único disparo na nuca da vítima”, comentou Vaz. A arma utilizada pelos suspeitos para matar Andrea, um revólver calibre 38,  que teria sido fornecida por João, foi apreendida na Bahia, no terreno de Luciano.

Os suspeitos continuam presos em regime temporário e serão indiciados por homicídio qualificado, sequestro e ocultação de cadáver. Ao serem apresentados à imprensa, apenas Paulista falou. “Eu não tenho nada a ver com este crime. Eu estava preso por tráfico de drogas, como poderia matar alguém?”, disse.

Reconstituição e inquérito
Policiais envolvidos na investigação deram detalhes do inquérito (Foto: Jéssica Balbino/ G1)
Policiais envolvidos na investigação deram detalhes do inquérito (Foto: Jéssica Balbino/ G1)
Durante esta segunda-feira (10), foi realizada a reconstituição do crime, em que os envolvidos cooperaram com a polícia e participaram da ação, mostrando como a vítima foi abordada, levada para a zona rural da cidade e assassinada. Os suspeitos estavam em um gol branco, com chassi adulterado, possivelmente furtado no estado da Bahia. O carro foi apreendido e está no pátio da delegacia em Poços de Caldas. A partir do momento em que as prisões aconteceram, os envolvidos foram todos ouvidos e os policiais coletaram dados para o inquérito.
Andrea desapareceu após deixar o trabalho no dia 15 de janeiro (Foto: Reprodução/EPTV)
Andrea desapareceu após deixar o trabalho no
dia 15 de janeiro (Foto: Reprodução/EPTV)
No dia 8 de janeiro, Andrea chegou a registrar um boletim de ocorrência durante uma audiência de conciliação pela falta de pagamento da pensão. O ex-companheiro chegou a receber voz de prisão, mas ainda no Fórum a polícia constatou que o mandado já tinha sido revogado e ele foi liberado. Ainda de acordo com o advogado da servidora, uma nova audiência entre as partes estava agendada para o dia 6 de fevereiro de 2014.
Os suspeitos comentaram ainda que além dos R$ 50 mil que seriam pagos por João pela morte da servidora, eles tiveram as viagens custeadas pelo empresário, sendo que a segunda delas já foi para executar o crime. Parte do dinheiro foi depositado na conta bancária da esposa de Luciano, que também foi presa, mas deve ser liberada até quarta-feira (12), já que segundo os delegados, não teve participação direta e não sabia do crime.
Ainda na reconstituição os suspeitos disseram que jogaram o celular e a bolsa da vítima durante o trajeto até o cafezal em que ela foi executada. Os objetos foram encontrados dias depois do desaparecimento, por moradores da região.
Amigos de servidora desaparecida fazem campanha por informações em Poços de Caldas (Foto: Reprodução Facebook)Amigos de servidora desaparecida fizeram
(Foto: Reprodução Facebook)
O desaparecimento e o crime
Segundo a família, Andrea Araújo de Almeida foi abordada por volta de 18h30 do dia 15 de janeiro a caminho de casa, no bairro Jardim Quisisana, onde morava há cerca de um mês. Na hora do fato, ela falava ao telefone com uma das irmãs, que ouviu quando pelo menos dois homens pediram para que ela saísse do carro. O veículo foi localizado abandonado pouco depois. O celular de Andrea foi localizado na zona rural no dia seguinte.

No dia 18 de janeiro, amigos e familiares saíram às ruas de Poços de Caldasx em uma manifestação pedindo a participação da população para que pudesse denunciar e ajudar com informações para que a polícia possa resolver o caso. Na tarde do mesmo dia, a bolsa da servidora foi encontrada próximo ao local onde o celular dela já tinha sido encontrado no dia 16 de janeiro.
Últimas imagens revelam perseguição
A polícia teve acesso ainda às últimas imagens de Andrea com vida. Os vídeos de câmeras de segurança mostram quando os suspeitos passaram pela rua em que a servidora trabalhava momentos antes do crime. As cenas mostram ainda quando ela saiu do prédio, falando ao telefone e entrando no carro. Em seguida, o vídeo revela como foi a perseguição e termina quando ela parou o veículo para falar com a irmã, com quem conversava pelo telefone.

Imagens de câmeras de segurança mostram Andrea entrando no carro (Foto: Reprodução/ Polícia Civil)Imagens de câmeras de segurança mostram Andrea entrando no carro (Foto: Reprodução/ Polícia Civil)
DNA e ossada encontrada
Embora o exame de DNA não tenha confirmado que a ossada pertencia a Andrea, o delegado Vaz confirmou que o caso está esclarecido. “Há 90% de chances de o crânio encontrado ser dela. Ainda aguardamos o resultado do DNA, que está sendo feito pelo Instituto de Criminalística em Belo Horizonte, (MG), mas nós temos certeza de que houve um homicídio e que a vítima foi a servidora pública”, disse.

Ainda segundo o delegado, o crânio que foi encontrado no dia 23 de janeiro, apresentava uma perfuração na têmpora. “A ossada tinha um buraco exatamente como eles disseram que atiraram. Eles apontaram ainda o local exato em que os ossos foram encontrados. As vestes encontradas no local também foram reconhecidas por familiares, o que nos leva a crer que o corpo é dela”, acrescentou Vaz.
Perícia esteve no local para recolher ossada e roupas (Foto: Jéssica Balbino/ G1)Perícia esteve no local para recolher ossada e roupas (Foto: Jéssica Balbino/ G1)
O fato da polícia ter encontrado uma ossada ao invés de um corpo levantou dúvidas sobre se o material seria realmente da servidora. Segundo a Polícia Civil, a decomposição do corpo passa por estágios e se inicia imediatamente após a morte da pessoa. O tempo de decomposição varia de acordo com os agentes externos, como animais, bactérias, exposição ao tempo, que podem acelerar ou retardar esse processo. fonte: G1/Sul de Minas

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