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quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Justiça de Poços de Caldas indicia mais 9 médicos da 'máfia dos órgãos'

Juiz acatou mais denúncias que foram oferecidas pelo Ministério Público.


Eles devem responder por retirada ilegal de órgãos e homicídio qualificado.


O urologista Celso Scafi foi preso nesta quinta-feira (6).  (Foto: Marcelo Rodrigues/ EPTV)
O urologista Celso Scafi foi um dos presos no Caso
Pavesi. (Foto: Marcelo Rodrigues/ EPTV)
O juiz de Poços de Caldas (MG), Narciso Alvarenga Monteiro de Castro, convocou a imprensa nesta quarta-feira (26) para falar sobra novas denúncias no caso da “máfia dos órgãos”. O juiz aceitou mais três denúncias do Ministério Público e indiciou mais nove médicos que teriam participação no caso.
Segundo o juiz, Alessandra Angélica Queiroz Araújo, Jeferson André Saheki Skulski, José Júlio Balducci e Paulo César Pereira Negrão vão responder por retirada ilegal de órgãos. Já José Luiz Gomes da Silva, Luiz Antônio Kalil Jorge e Francisca Raimunda de Souza Barreira vão responder por homicídio qualificado. João Alberto Góes Brandão foi indiciado pelos dois crimes. Cláudio Rogério Carneiro Fernandes, que está preso por participação na retirada dos órgãos do menino Paulo Pavesi, também foi indiciado.
“Se essas pessoas vão a júri ou não, se vão ser condenadas ou não, eu não posso dizer, pois se trata apenas do início do processo. Será uma longa tramitação, as pessoas serão ouvidas, não dá para antecipar um prognostico”, explicou o juiz.
O neurocirurgião Luiz Antônio Calil Jorge trabalha em Ubá (MG) e informou que em todos os casos que atuou os pacientes estavam em morte cerebral. José Arthur Kalil, advogado de Cláudio Rogério Carneiro Fernandes, que está preso, não retornou o contato. O anestesista e ex-secretário de saúde de Poços de Caldas, José Júlio Balducci, disse que seus advogados já foram acionados para cuidar do caso. O médico Paulo Cesar Negrão foi orientado pelos seus advogados a não se pronunciar.
O neurocirurgião José Luiz Gomes da Silva, Francisca Raimunda de Souza Barreira, Jefferson André Saheki, João Alberto Góes Brandão e Alessandra Angélica Queiroz Araújo não foram localizados para falar sobre o caso.
Entenda o Caso Pavesi
Paulinho Pavesi morreu aos 10 anos após cair, passar por cirurgia e ter os órgãos removidos (Foto: Paulo Pavesi/ Arquivo Pessoal)
Paulinho Pavesi morreu aos 10 anos após cair, passar por cirurgia e ter os órgãos removidos (Foto: Paulo Pavesi/ Arquivo Pessoal)
As investigações do ‘Caso Pavesi’ já duram quase 14 anos. Em 2002, quatro médicos, José Luis Gomes da Silva; José Luis Bonfitto; Marco Alexandre Pacheco da Fonseca e Álvaro Ianhez; foram denunciados pelo Ministério Público por homicídio qualificado.

Na denúncia consta que cada um cometeu atos encadeados que causaram a morte do menino. Entre eles, a admissão em hospital inadequado, a demora no atendimento neurocirúrgico, a realização de uma cirurgia feita por um profissional sem habilitação legal que resultou em erro médico e a inexistência de um tratamento efetivo e eficaz. A denúncia aponta também fraude no exame que determinou a morte encefálica do menino.
Em janeiro deste ano, o pai do menino, Paulo Airton Pavesi, que vive na Europa, publicou o livro “Tráfico de Órgãos no Brasil – O que a máfia não quer que você saiba”. Com diferentes passagens que relatam a despedida do garoto, a exumação do corpo e a luta para provar que o menino foi vítima da chama ‘Máfia dos Órgãos’, Pavesi enfatiza que a história toda foi censurada e por isso, optou por lançar o livro de maneira independente e distribuir livremente pela internet.
A investigação deu origem a outros sete inquéritos e a Santa Casa de Misericórdia de Poços de Caldas perdeu o credenciamento para realizar os transplantes em 2002. O caso foi tema de discussões também no Congresso Nacional em 2004, durante a CPI que investigou o tráfico de órgãos. Os médicos foram acusados de homicídio doloso qualificado pelo Ministério Público Federal. (G1/Sul de Minas)

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