Páginas

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Estado de SP planeja terceirização de serviço de atendimento 190 da PM

Anúncio foi feito pelo secretário de segurança durante visita a Campinas.


Ex-capitão do Bope afirma que mudança não melhorou trabalho no Rio.



O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, durante visita em Campinas, SP (Foto: Reprodução / EPTV)
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin,  em
visita a  Campinas  (Foto: Reprodução / EPTV)
O governo de São Paulo planeja terceirizar o atendimento de emergência da Polícia Militar (PM), conhecido como 190, no estado. O anúncio foi feito em Campinas (SP) pelo secretário estadual de Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, na segunda-feira (2), quando acompanhava o governador Geraldo Alckmin (PSDB) para assinatura do contrato de locação do imóvel onde será instalada a 2ª Delegacia Seccional da cidade. O responsável pelo Comando de Policiamento do Interior 2 (CPI 2), Carlos de Carvalho Júnior, alega que a mudança deve reforçar o efetivo da PM no patrulhamento nas ruas.

"Essa ideia do governo é para que os atendentes telefônicos façam o primeiro contato e encaminhem para o policial", explica Júnior. Em nota, a Polícia Militar afirmou que o projeto piloto para contratar o serviço de call center está na fase de elaboração do edital para licitação. Sem prazo definido, a assessoria da corporação adiantou que as primeiras cidades contempladas serão a capital paulista, São José dos Campos (SP) e Osasco (SP).

O governador Geraldo Alckmin também anunciou que Campinas terá, em 45 dias, um novo prédio para o Centro de Operações da Polícia Militar (Copom). Ele não apresentou detalhes sobre a construção."Ressalta-se que o objetivo de tal contratação é o melhor atendimento ao cidadão e, no início, os atendentes terão acompanhamento dos policiais militares que trabalham no atendimento das chamadas de emergência, até que se tenha certeza do mesmo nível de excelência de atendimento", informa o texto.

'Não melhorou o atendimento'
Para o ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais do Rio de Janeiro (Bope), Rodrigo Pimentel, a alteração no serviço pode gerar benefícios para a população, desde que o governo paulista amplie o número de policiais que façam patrulhamento nas ruas. Além disso, o especialista em segurança defende que os novos funcionários devem receber treinamento e supervisão especializados.

rodrigo pimentel (Foto: Reprodução/Tv Globo)O ex-capitão do Bope no Rio de Janeiro,
Rodrigo Pimentel (Foto: Reprodução/TV Globo)
"Aqui no Rio, a terceirização não melhorou o atendimento. Eu fui vítima quando presenciei um roubo e a funcionária pediu informações que não eram necessárias para uma situação de extrema emergência. Foi burocrático, era questão de vida ou morte", explicou o comentarista de segurança da TV Globo. Para ele, é necessário equilibrar o quadro de funcionários da equipe. "Em situações de medo, pânico e urgência, a experiência policial conta muito a favor. O atendente receberá uma pressão diária, então ele precisa de capacitação e apoio", completa.

Em nota, a Secretaria Estadual de Segurança do Rio de Janeiro informou que o serviço foi parcialmente terceirizado entre 1995 e 1996, e os atendentes recebem três semanas de treinamento, o que melhorou a qualidade. Além disso, a assessoria da pasta explicou como é a dinâmica do trabalho. "O operador recebe a chamada, gera ocorrência via sistema, que por sua vez é encaminhada diretamente para o batalhão da área, responsável por enviar as viaturas ao local da ocorrência. Em caso de dúvidas, pedem auxílio à supervisão civil ou até mesmo a militar", diz o texto.

Ausência de estudos
O coordenador do Núcleo de Estudos sobre Violência e Segurança da Universidade de Brasília (UnB), Arthur Trindade Maranhão Costa, destacou que o Fórum Brasileiro de Segurança Pública criou um comitê, há 15 dias, para discutir a relação entre agentes privados e públicos no atendimento feito pelo telefone 190. "A questão corporativa é central nessa discussão. Via de regra, quando alguém diz que os policiais são os mais adequados, eu tenho dúvidas. Mas também tenho quando falam em contratar uma firma que não tem nada a ver. Não há nenhuma avaliação no Brasil feita por universidades, ONGs ou estados sobre a adequação desse serviço, incluindo a qualidade e custo. Fica muito difícil saber se melhora ou piora", explica Costa. (portal G1/Campinas Fernando Pacifico e Marcello Carvalho)

Nenhum comentário:

Postar um comentário