Parecer de engenheiro e relatório do IC apontam problemas na execução.
Cobertura de unidade de saúde foi arrancada e posto fechou em fevereiro.
UPA de Mogi Guaçu (SP) destruída após temporal teve falha
em obra, diz laudo (Foto: Reprodução EPTV)
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Um laudo técnico elaborado por um engenheiro civil contratado pela Prefeitura de Mogi Guaçu (SP) e o relatório da perícia do Instituto de Criminalística (IC) da Polícia Civil apontaram falhas de execução na construção da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Dr. José Augusto de Carvalho Neto. Segundo a administração, erros na obra podem ter contribuído para os estragos causados durante um temporal de apenas 15 minutos no dia 7 de fevereiro. O local foi inaugurado há dois anos, mas foi destruído após a chuva forte com vendaval e está interditado desde então. Entre os problemas encontrados até o momento está o descumprimento do projeto original.
A construção custou R$ 1,5 milhão, sendo R$ 1 milhão pago pelo governo federal e o restante pela Prefeitura. A administração municipal ainda aguarda do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea) e da Vigilância Sanitária Regional, que fez uma vistoria no local na segunda-feira (24) a pedido da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Até o momento, não ficou definido se a UPA do Jardim Santa Marta será demolida e depois construído um novo prédio, ou se será feita uma reforma.
A Prefeitura informou também que, após a divulgação dos laudos, deve ser instaurada uma sindicância interna na administração. A obra foi realizada na gestão do prefeito Paulo Eduardo de Barros (PV), negou qualquer irregularidade no processo de construção. Ele afirmou à EPTV, afiliada da TV Globo, que os trabalhos foram acompanhados constantemente pela Secretaria de Obras enquanto era o chefe do Executivo.
Laudo
Unidade médica em M. Guaçu não tem previsão de reabertura após temporal (Foto: Márcio de Campos/EPTV) |
O laudo elaborado por um engenheiro contratado pela Prefeitura apontou que a planta da Unidade de Pronto Atendimento foi invertida. O prédio foi construído no mesmo terreno previsto, mas sem obedecer o projeto original. Em um ponto, por exemplo, o espaço que foi projetado para o estacionamento de uma ambulância foi executado no dobro do tamanho. Segundo a Secretaria Municipal de Obras, foi nesse local que se formou uma espécie de corredor de vento durante o temporal que levantou o telhado da UPA para cima.
Outra falha relatada no laudo técnico e também no relatório do IC diz respeito às vigas de ferro de sustentação do telhado, chamadas de "tesouras". As estruturas não estavam presas às paredes, apenas apoiadas. Quando o vento forte atingiu o prédio, parte da cobertura da unidade foi arremessada para 30 metros de distância. As redes elétrica, hidráulica, do ar condicionado, tubulações de água quente e fria e de ar comprimido que estavam acopladas ao telhado também ficaram danificadas quando ele foi deslocado.
A Prefeitura diz ainda que a construtora que executou a obra não apresentou projeto da estrutura da cobertura e nem a respectiva Anotação de Responsabilidade Técnica (ART). Além disso, o piso, que é de granilite, usado normalmente em hospitais, apresentava fissuras, o que, segundo a administração, indica um erro construtivo. A estimativa é de que, se aprovada, a reforma da UPA custe aos cofres públicos cerca de R$ 1 milhão, mas a Prefeitura aguarda ainda os outros laudos oficiais para avaliar o que pode ser feito no local e se é viável a reforma do espaço.
O aparelho continua no local, com segurança da Guarda Municipal 24 horas por dia, até que uma sala especial com proteção para material radioativo seja montada no Hospital Municipal. O prazo para que isso ocorra é de 20 dias, segundo a administração.Até a entrega dos resultados, a orientação da perícia é que nada seja feito no prédio. Os equipamentos que estavam na UPA foram levados para o posto de pronto-atendimento do Jardim Novo 2 e para o Hospital Municipal. Em meio aos escombros da estrutura que restaram da unidade está uma sala onde eram realizados exames de radiografia com equipamento de raio-X. O espaço não foi danificado porque tinha paredes reforçadas.
Consultas transferidas
Com 67 funcionários, o local realizava entre 250 e 300 atendimentos. As consultas, após a interdição da unidade, foram transferidas para outras unidades da cidade. Quem tem dificuldade de locomoção estão sendo transportados por ambulâncias. Os trabalhadores foram realocados para outros dois prontos-socorros que estão recebendo os pacientes da UPA. Já os médicos, por terem sido contratados por meio do Consórcio Intermunicipal de Saúde, só são chamados em caso de necessidade, segundo a assessoria de imprensa da administração.
O fornecimento de medicação prescrita, que também era feito na unidade, está sendo realizado por funcionárias da farmácia na Unidade Básica de Saúde (UBS) do Jardim Ipê II, das 7h às 22h, de segunda a sexta-feira, e das 7h às 19h, aos sábados e domingos.
A obra foi executada pela Marcos Santos Engenharia S/A, de São Paulo (SP). A empresa informou em nota que está acompanhando o problema e que, até a entrega do prédio, nenhum problema havia sido constatado. A construtora diz que aguarda a apuração do parecer técnico para se manifestar sobre o caso. fonte: G1/Campinas e região
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