Cérebro do capitão da Seleção de 58 foi retirado para pesquisas científicas sobre o Alzheimer
A morte de Hideraldo Luis Bellini, capitão da Seleção Brasileira em 1958, mexeu com a região de São João da Boa Vista no último final de semana. Revelado pela Sociedade Esportiva Sanjoanense, Bellini também jogou no Vasco da Gama, no São Paulo e nas categorias de base de Itapira, sua terra natal, onde foi enterrado. O funeral seguiu, do ginásio poliesportivo local para o cemitério, em um caminhão da Defesa Civil, sob aplausos de amigos, parentes e admiradores.
LUTO REGIONAL
Depois de ser velado, no salão nobre do São Paulo Futebol Clube, o corpo do craque Bellini foi trazido para Itapira, a 72 km de São João da Boa Vista. Em sua terra natal, o ex-atleta recebeu diversas homenagens e as bandeiras dos clubes por onde passou.
Em Itapira, representantes de grandes clubes e federações estiveram no enterro do zagueiro. O ex-jogador Oscar, do São Paulo, lembrou a importância do amigo: “Bellini cumpriu seu papel e deixou um exemplo memorável para todos nós, seja como jogador ou como chefe de família”, ressaltou. Outro expoente do São Paulo e da Seleção Brasileira, que também esteve presente no enterro, foi Babá. Ele chegou a ser companheiro de quarto de Bellini nas concentrações: “Ele era mais velho e todos queriam brincar com o capitão e ele levava isso de forma muito espirituosa. Para surgir um zagueiro como ele, só nascendo de novo”, constatou.
CÉREBRO PESQUISADO
Bellini tinha 83 e sofria do Mal de Alzheimer. Ele deixou a esposa Giselda e os filhos Junior e Carla. A família decidiu doar o cérebro do zagueiro para pesquisas científicas que tentam descobrir porque o Alzheimer acomete tantos ex-atletas. Um dos objetivos é ajudar a esclarecer se o problema neurológico pode ter sido causado por danos oriundos de fortes cabeçadas na bola, durante a carreira do jogador. As pesquisas serão conduzidas pelo médico Ricardo Nitrini, que fez a cirurgia, de cerca de três horas de duração, assim que a morte foi constatada. “É claro que, se é para ajudar as pessoas na prevenção dessa doença, concordamos totalmente com a iniciativa”, afirmou a viúva. fonte: O Município/Hediene Zara
Retirada de placa provoca reclamação
Durante o enterro, uma manifestação chamou a atenção dos presentes. Vanderlei Messias da Silva, morador de Itapira, gritou palavras de ordem contra o prefeito José Natalino Paganini (PSDB). O chefe do Executivo determinou a retirada uma placa que existia na entrada da cidade, homenageando Bellini, fato que desagradou boa parte da população.
“Quando ganhou esta administração, eles tiraram a placa do capitão Bellini. Agora, de última hora, colocaram um outdoor, mas nós queremos a antiga placa, que honrava a nossa terra”, afirmou. A atitude, segundo o manifestante, teria cunho de revanchismo político, já que o prefeito anterior era Toninho Bellini, sobrinho do falecido atleta.
Paganini, por sua vez, rebateu as críticas, logo após o enterro: “Nós retiramos a placa porque vamos começar a reforma de um centro esportivo e tem o nome dele. Eu acho que o melhor lugar para homenagens é nesse centro esportivo. Na minha opinião, a entrada da cidade não é lugar para uma homenagem como essa porque aí teríamos que homenagear também vários itapirenses ilustres e não só o Bellini”, respondeu o político.
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