Caso de animal que caiu de exaustão abriu nova discussão sobre o tema.
Audiência pública e órgãos da cidade defendem o fim do serviço.
Discussão sobre charretes de turistas divide opiniões em Poços de Calda (Foto: Reprodução EPTV) |
Existente há mais de 90 anos, o passeio de charrete é tradição turística em Poços de Caldas (MG). No entanto, o caso de um cavalo que caiu em uma rua do Centro da cidade supostamente por excesso de esforço na semana passada tem dividido opiniões entre grupos que defendem os animais, os charretistas, os visitantes e até mesmo na Câmara dos Vereadores.
Apesar de várias exigências feitas em um estatuto, o passeio é um dos preferidos de quem visita a cidade. Um dos trajetos mais comuns é o que sai do Centro da cidade. Com duração que varia entre 40 e 60 minutos, o roteiro custa R$ 48 e leva os visitantes até o bairro Country Club, passando por lojas de chocolate, cristais e malharias. Uma das regras é o número de passageiros por charrete, que não pode passar de quatro. Além disso, depois de cada dia de trabalho o cavalo precisa descansar pelo dobro de tempo, por isso cada charreteiro deve ter no mínimo três animais para fazer o revezamento.
Outra exigência é a identificação das charretes. Cada uma deve ter placa, tabela de preços e uma lista com as principais recomendações aos condutores em local visível para quem vai contratar o serviço. Há mais de 40 anos, Célio de oliveira explica que o fraldão – espécie de bolsa colocada entre o cavalo e charrete para evitar que as fezes caiam na rua – é indispensável para manter a limpeza. “Não é um trabalho que explora os cavalos. Eles trabalham 8h e descansam 48h”, disse.
De acordo com o presidente da Associação dos Condutores de Veículos de Tração Animal de Poços de Caldas, Luis Carlos Jonas, no caso que aconteceu na semana passada, o charreteiro já foi punido e suspenso. Ainda segundo Jonas, o trabalho é fiscalizado no município pela própria associação. “Neste caso, o profissional foi penalizado com 8 dias de suspensão, o que equivaleria a uma multa de R$ 400. Nós acreditamos que devemos ser rígidos sim, já que estamos lidando com animais, que são seres vivos como nós, né?”, enfatizou.
Controle de Zoonoses contra as charretes
Já a coordenadora do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), Sheila Patresi, se posicionou contra as charretes. “Eu defendo que haja uma fiscalização mais intensa e uma modificação no estatuto que está em vigor. Quando é horário de verão, os animais chegam a trabalhar até 13 horas. Outro problema é nosso trânsito, que não comporta mais as charretes. Elas trafegam pela Avenida João Pinheiro, onde existe um fluxo muito intenso e o risco de acidentes, inclusive com turistas, fica potencializado”, disse.
Questionada sobre a questão dos empregos dos charretistas, que dependem do trabalho para sustentar famílias, Sheila explica que não é contra. “Não sou contra os profissionais, mas contra as condições dos animais, que trabalham sob sol e chuva. Eu acho que precisa ter algo que regulamente essa questão de hereditariedade e de passagem de ponto. Se isso for interrompido, uma hora o serviço vai acabar. Não dá mais para termos cavalos passando mal pela cidade”, completou.
Audiência pública e outro caso
Em dezembro de 2011, um cavalo morreu depois de cair em uma avenida movimentada. A suspeita de maus tratos gerou revolta e grupos ligados à proteção dos direitos dos animais foram contra o uso dos animais em veículos de tração. A mobilização ganhou força e dois abaixo-assinados foram criados na internet, o que motivou uma audiência pública na Câmara para discutir o serviço prestado.
Serviço – Qualquer pessoa que observar maus tratos de cavalos ou descumprimento do estatuto pode comunicar ao CCZ por meio do telefone (35) 3697-5952 das 12h às 18h. fonte: G1 Sul de Minas http://g1.globo.com/mg/sul-de-minas/noticia/2014/08/uso-de-cavalos-em-charretes-divide-opinioes-em-pocos-de-caldas-mg.html
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