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segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Paciente morre após ser liberado com 'gases' em São João

João Batista Barbosa faleceu cinco dias após diagnóstico do Pronto Socorro

Foto de João no celular, junto com remédio
 e receita (Foto: Hediene Zara)
João Batista Barbosa, de 64 anos, morreu em virtude de uma obstrução intestinal, segundo amigos que o socorreram, na madrugada de domingo (8). Ele havia passado por consulta, com o médico Mauro Santos Ribeiro Junior, na terça (3), sendo liberado após medicação. Amigos que trabalhavam com João e o socorreram depois de ele ter se sentido mal, informam que o diagnóstico dado no Pronto Socorro apontava que ele sofria de “gases”. No primeiro atendimento, ainda de acordo com as pessoas que o socorreram, nenhum exame mais detalhado foi pedido pelo médico responsável.

O ATENDIMENTO
João Batista Barbosa tinha 64 anos, era conhecido como “Buda” e trabalhava em uma empresa do Centro de São João. Ele começou a passar mal na terça (3), sendo socorrido por colegas de trabalho, que o levaram ao Pronto Socorro com fortes dores abdominais. Chegando à repartição, ele foi atendido pelo médico Mauro Santos Ribeiro Junior, que não teria aplicado o tratamento satisfatório ao paciente: “Achei a consulta muito superficial. O médico disse que ele estava com gases e apenas receitou remédios, sem mais exames”, comentou.


A receita médica, entregue aos companheiros de trabalho de João, indica a necessidade de uso dos medicamentos Tropinal e Dimeticona, que é o princípio ativo do medicamento Luftal, conhecido no meio popular por sua eficácia contra gases e leves problemas estomacais e digestivos. O Tropinal, por sua vez, serve para aliviar cólicas gástricas e intestinais. Obedecendo às recomendações médicas, João voltou para casa, tomou os remédios, mas continuou sentindo fortes dores que o obrigaram a passar por nova consulta, também no Pronto Socorro, na quinta (5). O paciente foi atendido por outro médico, teve exames solicitados e sua internação foi imediatamente solicitada à Santa Casa Carolina Malheiros, já que a hipótese diagnóstica, segundo os acompanhantes de João, era a de obstrução intestinal.

NA SANTA CASA
Segundo as pessoas que socorreram o trabalhador, o atendimento da Santa Casa foi diligente, porém, a liberação do paciente na primeira consulta no Pronto Socorro fez com que sua situação se agravasse sobremaneira. João teve que ser submetido a um tratamento emergencial com o uso de sonda. O equipamento tentou retirar de seu organismo, as fezes que haviam rompido o sistema intestinal. “Ele foi para a unidade semi intensiva e, depois, para a UTI, já entubado”, afirmou um dos colegas de trabalho. O quadro infeccioso ganhou proporções maiores e João Batista não resistiu, falecendo na madrugada de domingo (8). Ele era solteiro, deixou um filho e foi enterrado no Cemitério São João Batista.


PREFEITURA RESPONDE
A reportagem remeteu questionamentos ao Departamento de Saúde a respeito do caso. A Prefeitura informou que, no atendimento inicial, João apresentava quadro de vômito, diarreia e cólica abdominal. Durante a consulta, segundo o órgão público, não apresentava sinais clínicos de abdome obstrutivo. O paciente teria referido melhora no quadro, só retornando na tarde de 5 de dezembro, com dor abdominal, náuseas e fraqueza. Ele foi medicado, ficou em observação e depois seguiu internado para a Santa Casa.


O Departamento de Saúde também informou que “a conduta do médico é de responsabilidade do mesmo” e, para que haja alguma averiguação sobre a atuação do profissional, é necessário que a família registre a ocorrência na Ouvidoria da Prefeitura ou no Departamento de Saúde. (O Município/Hediene Zara)

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