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sexta-feira, 7 de junho de 2013

Monges lançam grife de peças feitas com retalhos em Monte Sião, MG


Peças foram apresentadas pela primeira vez na Feira Nacional do Tricô.

Monges intercalam costura das roupas às atividades monásticas diárias.

Monjas confeccionam peças da grife 'Afeto' com retalhos (Foto: Jéssica Balbino/ G1)Monjas confeccionam peças da grife 'Afeto'  (Foto: Jéssica Balbino/ G1)
Retalhos, linhas e aviamentos fazem parte do trabalho diário de sete dos 49 monges que vivem no Mosteiro da Santíssima Trindade, em Monte Sião (MG) e trabalham no ofício de costura do local, onde foi criada e lançada a grife ‘Afeto’. Por mês,  50 peças entre vestidos, jaquetas, blazers e casacos são feitas e neste ano, pela primeira vez, elas foram levadas ao desfile de abertura da 38ª Feira Nacional do Tricô (Fenat)  e também colocadas à venda em uma espécie de show room dentro do próprio mosteiro. “Nossa inspiração vem do Espírito Santo, já que cada peça fica de um jeito e elas vão sendo criadas na hora. Quando começamos, não sabemos sequer o que vai ser. É como montar um quebra-cabeça de retalhos e que no final se transforma em uma roupa. É muito gostoso ver as peças prontas ”, contou a irmã Virgínia Aparecida do Menino Jesus, que está no mosteiro há 13 anos e foi quem teve a ideia de reaproveitar os refugos para criar as peças. A matéria-prima das roupas são os retalhos doados pelas confecções de tricô existentes na cidade. Cada peça é única e leva no mínimo três dias para ficar pronta, já que o ofício da costura é inserido na rotina de cinco orações diárias, atendimentos ao público e afazeres como limpeza e alimentação praticados pelos monges.
Ao todo, sete dos 49 monges do mosteiro trabalham na gripe (Foto: Jéssica Balbino/ G1)
Ao todo, sete dos 49 monges do mosteiro trabalham
na grife 'Afeto' (Foto: Jéssica Balbino/ G1)
Como a cidade de Monte Sião é considerada um polo de tricô com 1,5 fabricantes especializados  e com a feira anual para exposição de novas peças e tendências, os monges quiseram se inserir no perfil econômico da cidade. Em cada roupa feita por eles, uma etiqueta vem fixada, com informações sobre a exclusividade da roupa e o conceito do mosteiro. Virgínia se lembra que há dois anos foi confeccionado o primeiro casaco, em meio ao ofício que já existia e fabricava os hábitos usados pelos monges. “Eu peguei os retalhos e resolvi montar, então vi que ficou legal a montagem e começamos a pensar em fazer as peças, mas, no início, elas eram mostradas apenas aos conhecidos. Não imaginávamos que surgiria a grife”, acrescentou.
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Irmã Lúcia exibe peças que ficam no show room do Mosteiro da Trindade (Foto: Jéssica Balbino/ G1)Irmã Lúcia exibe peças no show room do Mosteiro da Trindade
Segundo a irmã Lúcia de Jesus Cruxificado, a grife vai justamente ao encontro do que é praticado diariamente por eles. “O nome da grife inclusive surgiu com base no que vivemos, porque o afeto está muito ligado ao amor, a prática do bem, aos momentos de oração e trabalho, ou seja, queremos passar também o conceito de viver e trabalhar com amor e o afeto é a maneira mais acessível”, destacou. Para a criação das roupas o único investimento feito é para a compra de cetim, que serve de forro para as peças, o que, segundo os monges, é uma forma de incrementar os produtos e garantir mais qualidade e também para compra de pedrarias, que enfeitam as roupas. “Nossa capacidade de produção é pequena, mas queremos fazer peças cada vez melhores”, pontuou Virgínia.
“O novo mosteiro já está sendo feito e vai abrigar mais monges e aspirantes. Atualmente vivemos em um espaço que é improvisado e por isso nos dedicamos a ações e trabalhos para arrecadação e construção de um local próprio”, contou irmão Sílvio Lobato.O dinheiro obtido com a venda das peças – que variam de R$ 150 a R$ 490 – é revertido para a construção de um mosteiro maior, que deve abrigar mais monges e já começou a ser feito em um local próximo ao atual. Ainda de acordo com ele, a venda de outros produtos em uma lojinha dentro do Mosteiro também acrescenta à arrecadação. São comercializadas trufas, pães de queijo, linguiças, bolachas e peixes.

O Mosteiro da Trindade
O Mosteiro Santíssima Trindade é tido como um dos maiores em número de monges professos do Brasil. Atualmente 49 religiosos – homens e mulheres – dividem as atividades diárias e ficam separados em suas clausuras no Mosteiro. Há também oito aspirantes a monges no local. “Somos uma comunidade de homens e mulheres consagrados a Deus, formando uma Koinonia, palavra de origem grega que significa ‘comunhão’”, disse o irmão Sílvio Lobato.

Produtos feitos pelos monges são vendidos em uma lojinha (Foto: Jéssica Balbino/ G1)Produtos feitos pelos monges são vendidos em  lojinha (Foto: Jéssica Balbino/ G1)
A manutenção do mosteiro é garantida pelo trabalho dos monges que dedicam-se à pesca, horta orgânica, venda de artigos religiosos, trufas, cookies, pães de queijo, pelas de decoração e agora o tricô feito com retalhos. O dinheiro arrecadado será utilizado também na construção de um novo mosteiro, que já começou a ser feito. Os monges celebram também missas às segundas-feiras, quartas-feiras e domingos, além de atendimentos e aconselhamentos espirituais às segundas-feiras, quintas-feiras e sábados. O trabalho dos monges e os horários das atividades é divulgado e atualizado no site www.mongesdatrindade.org.br.

Atualmente Minas Gerais é considerado o 2º produtor brasileiro de malha retilínea e detém 20% da produção brasileira. Deste total, 40% são gerados por Monte Sião que é conhecida como a capital da Moda Tricô.Fenat e polo de tricô em 

Monte Sião
Neste ano, a Fenat acontece entre 30 de maio a 16 de junho e lança as novidades e tendências para o inverno 2013. As peças apresentadas são em malha retilínea e durante todo o evento são esperadas 60 mil pessoas. O título vem especialmente pelo reflexo da imigração italiana na região, o que fez com que a indústria de malhas crescesse e se tornasse o principal segmento de impacto econômico e social da cidade. Por mês são feitas três mil peças de tricô e cerca de 7,5 mil pessoas são empregadas pelo setor.

Serviço – A Feira Nacional do Tricô (Fenat), acontece até o próximo dia 16 de junho no Centro de Exposições e Lazer, localizado à Avenida das Fontes, s/n, no bairro Magioli em Monte Sião (MG). (portal G1)

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