Cidade concentra 10 fábricas de roupas em tamanhos grandes.
Indústrias abastecem lojas no Sul, Sudeste e Nordeste do país.
Para seguir a tradição familiar, a jovem Isabela Franco, de 18 anos, já cursa faculdade de moda. Assim como a mãe, a tia e os avós, ela pretende dar continuidade ao trabalho da família no ramo de confecções de tamanhos especiais - ou plus size - em Andradas (MG). “Eu gosto de moda, cresci dentro da loja e da confecção da minha família e resolvi seguir carreira”, contou, ao lado da mãe, Isabel Cristina, da tia Maria Carolina e da avó, Juvenil Torres, que foi quem montou a confecção há quase 40 anos. Com o trabalho, as mulheres da mesma família seguem a tendência nacional, que aposta na moda para mulheres “mais cheinhas”. Segundo a Associação Brasileira do Vestuário (Abravest), o setor de moda plus size movimenta, anualmente, cerca de R$ 4,5 bilhões no país, o que significa pelo menos 5% do faturamento total do setor de vestuário. A expectativa, segundo a associação, é de um crescimento de pelo menos 10% ao ano.
Confecções, história e família
A paixão pela moda e pelas confecções existe na família de Isabela Franco há quase 40 anos, quando a avó, Juvenil resolveu ampliar o trabalho como costureira de camisas e montou a própria confecção. Em menos de um ano ela já tinha 10 funcionários. Hoje são 60, que produzem 10 mil peças distribuídas entre vários estados. O diferencial, segundo Maria Carolina, uma das herdeiras da confecção, é a qualidade e os tamanhos especiais, que sempre existiram e há cerca de 20 anos passaram a ser até o número 54. “Nós sempre trabalhamos com tamanhos maiores, mas quando começamos a vender as roupas em São Paulo notamos que poderíamos ter essa vantagem, que é a questão do tamanho. As pessoas querem se vestir bem, com qualidade e com um estilo que lhes caia bem. Investimos e deu certo”, lembrou.
Durante a 22ª Feira Industrial e Comercial de Andradas (Expofica) realizada na cidade, seis confecções expuseram os produtos, mas segundo Rosana Aparecida Sibila Fraga Souza, presidente da Associação Comercial de Andradas (Acira), este número ainda é pequeno. “Temos pelo menos 20 confecções grandes na cidade e metade delas tem produtos plus size, já que os tamanhos especiais são uma necessidade e uma exigência dos clientes”, pontuou. No entanto, ela faz questão de destacar que o número de confecções na cidade reduziu. “Já tivemos muito mais confecções aqui, mas este número foi caindo ao longo das décadas. Boa parte por conta da importação chinesa e do baixo custo das peças vindas do oriente, o que prejudica quem fabrica e produz por aqui”, completou.
Do P, M e G ao plus size
Quem comprova a necessidade de investimentos em moda plus size é Maria Aparecida da Mota Pereira, proprietária de uma confecção que produz 18 mil peças por mês e tem 80% desta produção voltava aos tamanhos “especiais”. Mas nem sempre foi assim. Quando começou com a confecção, Maria não imaginava a necessidade de fazer roupas em tamanhos grandes, mas foi por causa do marido, que estava acima do peso, que resolveu investir no setor. A fórmula deu certo. Com uma equipe de pelo menos 110 pessoas trabalhando na confecção, atualmente ela comercializa roupas para pelo menos 20 representantes, além de manter três lojas em Andradas e receber clientes de diferentes partes do Brasil.
“Eu sempre compro na loja. Eu viajo muito de São Paulo (SP) a São João da Boa Vista (SP) e reservo um dia para ir a Andradas, ou passo pela cidade para fazer compras. O bacana da confecção é que são feitas peças com estilo, que seguem a tendência da moda, o que valoriza muito a mulher que está acima do peso”, comentou a arquiteta Eveline de Paula. Ponto para as confecções que investem neste tipo de trabalho. Tanto na de Maria como na da família de Juvenil, há estilistas e modelistas empenhadas em criar produtos inovadores. “Nós procuramos investir cada vez mais em nossas clientes, sejam as que compram direto em nosso show room, sejam as que compram no atacado. Fazemos cursos no exterior como França e Londres, a fim de buscar tendências e aprimorar sempre nossa qualidade”, destacou Maria Carolina.
O mesmo acontece com Maria, que anualmente investe em cursos de formação em moda e amplia os conceitos. Fato que rende cada vez mais vendas e histórias inusitadas. “Eu tenho uma amiga que também é cliente e que foi a São Paulo passear e resolveu comprar roupas. Quando foi ao provador e olhou a peça, se deparou com a nossa etiqueta na roupa. Fiquei feliz, porque ela saiu daqui e se encantou com uma peça em outra cidade, em outra vitrine”, contou. Durante os meses de junho e julho as confecções já trabalham com os catálogos de primavera/verão e as peças que serão usadas nas próximas estações. “Eu estou ansiosa com a próxima coleção. Vou viajar e quero aproveitar para comprar novas peças”, finalizou a dona de casa Elza Pelegrino, que é cliente das confecções. (portal G1 Sul de Minas)
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